News: Flip chega aos dez anos e faz homenagem a Drummond
Por Cauê Muraro, em Paraty
Olá, leitor! É em tom de autocelebração que começou nessa última quarta- feira (04) a versão 2012 da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip): o evento, afinal, chega a sua décima edição. A se destacar, ainda, o vasto espaço que a programação cede ao homenageado da vez, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que completaria 110 anos em 31 de outubro.
Tenda da Flip 2012 em Paraty: funcionários cuidaram dos preparativos finais na noite desta terça-feira (3) (Foto: Flavio Moraes/G1) |
A Flip abriu com a palestra “Flip ano dez”, com Luis Fernando Veríssimo; adiante, o crítico e escritor Silviano Santiago e o poeta Antonio Cicero entram em cena numa conferência em tributo a Drummond. A noite se encerrou com um show de Lenine o início do evento. A obra de Drummond volta ao centro da discussão em duas mesas na Tenda dos Autores (veja programação completa abaixo). E há a exposição “Faces de Drummond – o poeta e seu avesso”, bem como um monólogo concebido a partir na correspondência do escritor. Mas, além da presença marcante do autor de “Alguma poesia” e da autorreferência, o que terá a décima Flip a oferecer ao público que pretende circular pelas afamadas – ou amaldiçoadas, a depender da ocorrência de chuva – ruas de pedra da cidade histórica? Dois nomes, dentre os 40 convidados, têm sobressaído desde os anúncios iniciais feitos pela organização: Jonathan Franzen e Jennifer Egan. Eram três, em princípio, mas o Nobel francês J.M.G, desistindo da participação o Lé Clézio.
Ambos americanos e contemporâneos, Jennifer e Franzen são figuras midiáticas (nem sempre por ação própria): presenças convenientes, portanto, a um festival que se pretenda acessível a não iniciados. Com “A visita cruel do tempo” (2010), ela ganhou o prêmio Pulitzer no ano passado. Com “Liberdade” (também de 2010), ele ganhou elogios de Oprah Winfrey e a capa da revista “Time”, que o designou “grande romancista americano”.
Foto: Divulgação |
De acordo com a assessoria de imprensa da Flip, as mesas das quais os dois devem participar estiveram entre as primeiras a se esgotar, já no primeiro dia de vendas. Jennifer, a propósito, se apresenta ao lado do autor britânico Ian McEwan, outro dos renomados deste ano. No caso dele, trata-se de um regresso: o autor do bajulado “Reparação” passou por Paraty em 2004, e teve como companhia figuras célebres, como Jeffrey Eugenides, Martin Amis e Paul Auster, dentre outros. Tiveram de dividir espaço, entretanto, com Caetano Veloso e Chico Buarque, convidados da ocasião – o mesmo Chico Buarque que causaria um memorável tumulto numa fila de autógrafos da Flip de 2009; houve gente, do sexo feminino sobretudo, que foi para Paraty mesmo sem ter ingresso para vê-lo.
Em tese, fenômeno semelhante dificilmente se repetirá agora em 2012, a despeito da reputação de convidados como o poeta sírio Adonis e o espanhol Enrique Vila-Matas, outro que já veio anteriormente. Algumas apostas de repercussão acima da média, contudo, podem ser feitas. A última mesa do sábado, por exemplo, chama-se “Quadrinhos para maiores” e tem Angeli e Laerte. Escalado para uma mesa no domingo, o judeu russo radicado nos Estados Unidos Gary Shteyngart, que escreveu “Absurdistão” e “Uma história de amor real e supertriste”, tem vocação para a ironia, algo que costuma funcionar em circunstâncias do tipo. Há também reunião entre o político e jornalista Fernando Gabeira e o antropólogo Luiz Eduardo Soares, autor de “Elite da tropa” e ex-secretário nacional de segurança. Eles estão na mesa “Autoritarismo, passado e presente”.
Tomados no conjunto, esses encontros refletem uma proposta cultivada pela organização da Flip: a de oferecer um cardápio com outros temas que não só a literatura de ficção, opção que no passado já rendeu munição a críticos.
A novidade de 2012 tem como componente fundamental a efeméride dos dez anos. Serão lançados em Paraty dois livros e um DVD. Editado por Liz Calder, criadora da Flip, “10/Ten” traz contos e ensaios de cinco escritores brasileiros, enquanto “Flip – Dez anos” é escrito por jornalistas associados à história da festa, como Zuenir Ventura. Já o filme chama-se “Uma palavra depois da outra: a arte da escrita” e mostra “apresentação de mais de cem autores e todas as edições”, de acordo com a assessoria de imprensa do evento.
Foto: Divulgação |
Em sua agenda paralela, a Flip segue com a Flipinha, voltada ao público infantil, com a Flizona, que mira os adolescentes, e com a programação paralela na Casa da Cultura de Paraty. Ali, coloca-se em destaque um debate sobre Jorge Amado. Participam o escritor João Ubaldo Ribeiro e Walcyr Carrasco, que assina a nova adaptação de “Gabriela” para a tevê, atualmente em exibição na TV Globo. A escolha por Jorge Amado não vem do acaso: homenageado da 4ª edição da Flip, o escritor completaria cem anos de idade neste ano. Apropriado: mais uma efeméride a marcar a celebração de 2012.
Texto Adaptado: Fontes e Créditos ao site G1
Ah, que vontade de estar lá! *______*
Muita coisa legal acontecendo! Quem puder, aproveite!