Na mira dos lançamentos: Companhia das Letras (setembro/2016)
ROBERTO CIVITA: O DONO DA BANCA – A vida e as ideias do editor da Veja e da Abril, de Carlos Maranhão
Roberto Civita (1936-2013) era o dono da banca. No auge, seu império editorial – a Abril – teve 10 mil funcionários e mais de trezentos títulos. Workaholic, curioso, grande formador de talentos, homem de convicções fortes mas avesso a confrontos, Civita redefiniu o jornalismo no Brasil ao criar publicações como Veja e Realidade – e por influenciar os rumos do país e da sociedade por meio desses veículos.
Das origens familiares na burguesia italiana à crise da mídia impressa no início do século XXI, Carlos Maranhão reconstitui, com elegância, isenção e rigor na apuração, os acertos e os fracassos dessa figura tão fundamental quanto polêmica na história da mídia brasileira.
DIÁRIOS II – (1964-1980), de Susan Sontag
Dos anos turbulentos de sua viagem a Hanói, em pleno auge da Guerra do Vietnã, até a experiência como cineasta na Suécia e às eleições presidenciais americanas de 1980, este volume documenta a evolução de uma mente extraordinária.
Em 1966, a publicação de Contra a interpretação lançou Susan Sontag da periferia do ambiente artístico e intelectual de Nova York para os holofotes de todo o mundo, sedimentando seu lugar como uma força dominante no mundo das ideias.
Esses registros são um retrato inestimável dos pensamentos íntimos de uma das mais inquisitivas e instigantes ensaístas do século XX.
O VOYEUR – O grande jornalista americano em uma reportagem sobre obsessão e morte, de Gay Talese
“Conheço um homem casado, com dois filhos, que comprou um motel de 21 quartos perto de Denver, há muitos anos, a fim de se tornar um voyeur residente.” Assim começa a espantosa história que Gay Talese, um dos maiores nomes do jornalismo literário, narra em O voyeur. O homem é Gerald Foos, que construiu uma “plataforma de observação” para bisbilhotar a vida de seus hóspedes.
Intrigado, Talese investiga os diários do proprietário, um complexo registro de suas obsessões e das transformações da sociedade americana, mas só após trinta e cinco anos o jornalista pode divulgar a história. Um trabalho extraordinário e polêmico do repórter que mudou para sempre a face do jornalismo.
SOMBRAS DA ÁGUA, de Mia Couto
Sombras da água retoma a história de Mulheres de cinzas, romance histórico encenado à época em que o sul de Moçambique era governado por Ngungunyane, o último grande líder do Estado de Gaza, em fins do século xix. Ferido, o sargento português Germano de Melo é levado ao único hospital de Gaza, sob os cuidados de Imani, sua amada e responsável pelo tiro que lhe esfacelou as mãos, do pai e do irmão da garota africana e de uma amiga italiana. Nesta jornada, eles encontrarão outros percalços e personagens memoráveis – característicos das obras de Mia Couto. Alternando as vozes de Imani e Germano, o escritor apresenta duas visões de mundo diferentes, porém inevitavelmente envolvidas nesta trama.
TRABALHO URBANO E CONFLITO SOCIAL – 1890 – 1920, de Boris Fausto
Trabalho urbano e conflito Social, do historiador Boris Fausto, foi publicado pela primeira vez em 1976. O livro trata da história da formação da classe trabalhadora e do movimento operário no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre 1890 e 1920.
O surgimento de uma classe trabalhadora urbana e industrial no Brasil é acompanhado de perto pela reconstituição de suas formas de organização e mobilização política. Visionário e rigoroso, este livro é uma referência obrigatória para quem deseja entender o que foram as relações de trabalho no século XX no Brasil.
MEIA-NOITE E VINTE, de Daniel Galera
Em meio a uma onda de calor devastadora e a uma greve de ônibus que paralisa a cidade, três amigos se reencontram em Porto Alegre. No final dos anos 1990, eles haviam incendiado a internet com o Orangotango, um fanzine digital que se tornou cultuado em todo o Brasil. Agora, quase duas décadas depois, a morte do quarto integrante do grupo vai reaproximar Aurora, cientista e pesquisadora vivendo uma pequena guerra acadêmica, Antero, artista de vanguarda convertido em publicitário, e Emiliano, jornalista que tem uma difícil tarefa pela frente.
Captando com maestria a geração que cresceu em meio ao início da internet, Galera
explora essas vidas acuadas entre promessas não cumpridas e anseios apocalípticos. Nas vozes de Aurora, Antero e Emiliano, Meia-noite e vinte é um retrato marcante de uma juventude que recebeu um mundo despedaçado e para quem o futuro pode não significar mais nada.