Na mira dos lançamentos: Companhia das Letras (fevereiro/2016)
Confiram os lançamentos desse mês da editora Companhia das Letras:
MEMÓRIAS DE UM CASAMENTO, de Louis Begley
Memórias de um casamento é um mergulho profundo nos meandros de uma classe e seus privilégios, numa trama que se desenrola entre Paris e Nova York, Long Island e Newport. Vivendo o luto da perda da esposa e da filha, o octogenário Philip reencontra uma mulher deslumbrante de seu passado: Lucy de Bourgh, a herdeira que foi uma jovem apaixonante e conquistou muitos homens, incluído o próprio Philip. Porém, à medida que ela revela os detalhes sórdidos de seu casamento falido com Thomas Snow, um homem de origem simples que ascendeu na vida, Philip irá descobrir verdades que o levarão a rever suas concepções sobre as pessoas que conheceu, admirou e desejou.
MEMÓRIA POR CORRESPONDÊNCIA, de Emma Reyes
Em 23 cartas enviadas entre 1969 e 1997 a seu amigo e confidente Germán Arciniegas, a artista plástica Emma Reyes relata as adversidades que viveu durante sua infância na Colômbia. Emma era filha ilegítima e, nesta autobiografia epistolar, conta desde suas lembranças mais antigas até o momento em que deixou o convento onde passou sua juventude, sem ao menos saber ler. Estes textos não só expõem um belíssimo relato pessoal, mas também descrevem o contexto da sociedade colombiana na década de 1930. Emma Reyes foi vítima de uma sociedade hipócrita e do mundo sombrio das comunidades religiosas, mas isso não impediu que ela construísse uma reconhecida carreira artística na França quando adulta.
MACUNAÍMA – O herói sem nenhum caráter, de Mário de Andrade
Mário de Andrade publicou Macunaíma em 1928. O livro foi um acontecimento. Debochado e intensamente brasileiro – ainda que muito pouco ou nada nacionalista -, este romance é ainda hoje um dos textos fundamentais do nosso Modernismo. E continua a influenciar as mais diversas manifestações artísticas. Nascido nas profundezas da Amazônia, o herói de Mário de Andrade é cheio de contradições – assim como o país que lhe serve de berço. É adoravelmente mentiroso, safado, preguiçoso e boca-suja. Suas peripécias vêm embaladas numa linguagem rapsódica e inventiva, um marco das pesquisas de seu autor em torno de uma identidade linguística brasileira.
41 INÍCIOS FALSOS – Ensaios sobre artistas e escritores, de Janet Malcolm
O trabalho da jornalista norte-americana Janet Malcolm já foi descrito como uma mistura de reportagem, biografia, crítica literária e psicanálise, com pitadas do romance realista do século XIX. Nesta coletânea, essa junção única – marca registrada de uma das maiores escritoras de não ficção de nossos tempos – pode ser verificada a cada página. O volume reúne ensaios publicados ao longo de várias décadas, sobretudo na New Yorker, berço do jornalismo literário, e na New York Review of Books, bíblia da intelectualidade nova-iorquina. São textos que refletem o interesse da autora por pintores, fotógrafos, escritores, críticos, e pelas particularidades do ofício criativo. Malcolm explora a obsessão dos integrantes de Bloomsbury – o célebre grupo a que pertenceram Virginia Woolf e Lytton Strachey – com a construção do efeito “literário”; as apaixonadas colaborações por trás dos nus retratados pelo fotógrafo Edward Weston; ou a “banalidade” que tanto incomodava J. D. Salinger. Sob seu olhar, o pintor Julian Schnabel tem o ar modestamente satisfeito de um empreendedor bem-sucedido. O fotógrafo alemão Thomas Struth, flagrado ao citar Proust sem tê-lo lido, percebe que sua declaração será presa inevitável do oportunismo jornalístico. No perfil que dá título ao livro, o artista David Salle ganha 41 versões para sua trajetória declinante. A cada ensaio, como diz o crítico Ian Frazier na introdução, Malcolm demonstra que a não ficção – um livro-reportagem, um artigo em uma revista, o que lemos todos os dias – pode ser alçada à literatura de mais alto nível. Não à toa, Janet Malcolm vem estimulando gerações de jornalistas e escritores a romper com as convenções dos textos não ficcionais. Seu trabalho caminha no sentido contrário às crenças estabelecidas sobre as artes e a escrita, com olhar arguto para o detalhe inesperado e a disposição constante para surpreender o leitor.
UM PASSO ATRÁS, de Henning Mankell
Da série protagonizada pelo adorado inspetor Kurt Wallander, que deu fama a Henning Mankell, autor sueco com mais de 40 milhões de exemplares vendidos no mundo e intitulado “rei do crime” pela revista The Economist. Suécia, solstício de verão. Três amigos se encontram numa reserva natural fantasiados com trajes do século XVIII para celebrar a noite mais longa do ano. O que não sabem é que estão sendo observados. Cada um deles acaba assassinado com um único tiro. Quando um dos mais confiáveis colegas de Kurt Wallander – alguém com quem ele contava para resolver o caso – também aparece morto, o inspetor logo desconfia de uma relação entre os dois crimes. Recuperando-se da morte de seu pai e obrigado a encarar o declínio da própria saúde, Wallander tenta desvendar os planos do assassino. Desesperado para encontrá-lo antes que ele ataque outra vez, o inspetor, no entanto, sempre parece estar um passo atrás.