Resenha: O grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald
Nome do Livro: O grande Gatsby
Nome Original: The great Gatsby
Autor: F. Scott Fitzgerald
Tradução: Ruy Castro
Editora: Geração Editorial
ISBN: 9788581301723
Páginas: 204
Ano: 2013
Nota: 5++/5
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O Grande Gatsby – Obra-prima de F. Scott Fitzgerald, este clássico do século XX retrata a alta sociedade de Nova York na década de 1920, com sua riqueza sem precedentes, festas nababescas e o encanto das melindrosas ao som do jazz. O sol em ascensão desse universo cintilante e musical é o enigmático milionário Jay Gatsby, ao redor do qual orbitam três casais glamorosos e desencontrados, numa trama densa, repleta de intrigas, paixões e conflitos que precipitam o trágico eclipse. Recriação soberba de um dos períodos mais prósperos da história dos Estados Unidos, O grande Gatsby é uma crítica mordaz à insensibilidade e imoralidade revestidas de ouro da chamada Era do Jazz, e um dos melhores romances — talvez o melhor — já escritos nesse país.
Um de meus autores favoritos, o japonês Haruki Murakami, definiu assim O grande Gatsby em seu romance Norwegian Wood: “Não há uma única página chata em todo o livro.” (citação aproximada, infelizmente não tenho o livro em português). Depois, providenciou por conta a tradução da novela para o japonês e até hoje a considera um dos alicerces de sua carreira como escritor. Além dele, muitos outros autores e críticos rasgam elogios ao livro. Ele não tem grandes requintes na escrita, nem imensas introspecções, nem diálogos incompreensíveis, nada do que hoje é necessário para uma novela mover os críticos. Narrado em primeira pessoa pelo personagem Nick Carraway, a trama é bem simples de acompanhar como entretenimento, mesmo sendo uma obra que definiu a novela americana.
Escrito ao longo dos anos 1920, portanto antes da quebra da bolsa de NY em 1929, o livro só foi concluído em 1930 (o que, na minha opinião, pode ter influenciado os eventos do final do livro). “O grande Gatsby” é um retrato vívido dos anos do Jazz, termo cunhado pelo próprio Fitzgerald, onde a alta sociedade se esbanjava nas fortunas alheias, em festas memoráveis, vícios e casos amorosos.
Atenção para a descrição do outdoor do dr. T.J. Eckleburg, já abandonado e desbotado, que permanece apenas com um olhar fixo, observando a todos.
Fitzgerald equilibra a tensão dos personagens ao longo de todas as páginas. Quando cada um deles tem que viver continuamente escondidos atrás de máscaras e uma atitude blasé, qualquer evento que modifique este delicado equilíbrio leva a situações embaraçosas, cômicas e trágicas. O tradutor atribui algumas características biográficas à Gatsby, o que provavelmente é verdade, dado todo o contexto.
O maior destaque é esta edição de luxo. Em termos de preço, ela é semelhante a outras que são de qualidade inferior. Sendo de capa dura e com papel grosso de excelente qualidade, é o melhor exemplar de “O grande Gatsby” que já encontrei em português. Mesmo depois de lido, continua com aspecto de novo e parece que continuará novo depois de lido 10 ou 20 vezes. É um livro digno de ser colocado na estante para ser relido ao longo dos anos e a Geração editorial teve o bom senso de lançar novelas que merecem ser guardadas nesse formato de luxo. Além disso, não usaram o pôster do filme na capa, o que por mim já renderia uma nota máxima. Para melhorar, a capa vintage combina perfeitamente com a novela e não é desatualizada mesmo para os padrões atuais. Com poucas cores, é cheia de movimente e música, características marcantes do texto e da época. Não encontrei erros de digitação, o que é mais um bônus. A tradução está bem atualizada, mas sem perder o clima frenético dos anos 1920. No meio do exemplar há algumas fotos de Fitzgerald com a esposa e um frame de cada uma das adaptações para o cinema.
O filme de 2012 é 90% fiel ao livro e tem excelentes atuações e trilha sonora, recomendo assistir apenas depois de ler, já que o final é o mesmo. Sou daqueles que acham que o Leonardo DiCaprio deveria ter ganho o Oscar, mas que provavelmente ficará de lado por anos até ganhar a estatueta por um papel inexpressivo em um filme inferior só para não ficar injustiçado (como ocorreu com o Martin Scorcese em 2007). Seu papel de Jay Gatsby sequer foi indicado ao prêmio.
Esta foi minha terceira leitura desta marcante novela. A primeira foi de uma ancestral edição dos anos 1970, também em capa dura, mas que não chegava perto da qualidade dessa edição de luxo. Alguns anos atrás li a novela original no inglês em uma edição pocket, que comprei em um sebo. Então posso dizer, com ampla margem, que esta foi a melhor experiência de leitura que tive com “O grande Gatsby”.
“O grande Gatsby” tem o mérito de ser uma daquelas leituras que enriquecem sem ser maçantes. Muito pelo contrário, o cenário é rico, os personagens são cômicos, intensos e as páginas fluem como as notas do jazz.