Na mira dos lançamentos: Companhia das Letras (junho/2015)
Olá, leitor!
Confira dos lançamentos do m~es da editora Companhia das Letras:
DE UM CADERNO CINZENTO, de Paulo Mendes Campos
Polivalente por excelência, Paulo Mendes Campos espraiou seus textos – crônicas, aforismos, poemas, pequenos textos de observação social – em jornais e revistas durante décadas. Todos com a impressão digital de um grande autor: a graça delicada, a prosa leve e fluente, a cultura compartilhada sem pose.
Reunidos pela pesquisadora Elvia Bezerra, os 53 textos desta edição permaneceram inéditos em livro até agora. Embora possam ser classificados como crônicas, os escritos variam da forma “clássica” ao aforismo, criando um mosaico delicioso e instrutivo sobre o Brasil e os brasileiros. Completo, o conjunto é um convite à diversão e ao encantamento pela palavra escrita.
A LIÇÃO DO AMIGO – Cartas de Mário de Andrade a Carlos Drummond de Andrade, de Carlos Drummond de Andrade
Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade se conheceram em 1924, durante viagem do paulista a Minas Gerais. Mário já era uma figura de proa do movimento modernista, ao passo que o mineiro ainda não havia estreado em livro. A correspondência entre os dois poetas tomaria corpo pelos vinte anos seguintes, até as vésperas da morte de Mário, em 1945.
As cartas, reunidas pelo próprio Drummond, são o testemunho luminoso de uma amizade entre dois autores fundamentais do Brasil. Entre conversas sobre a natureza da poesia, o dia a dia mais prosaico e comentários sobre o que é ser artista no Brasil, os dois poetas travam, com afeto e inteligência, uma conversa que ilumina e emociona.
O PRIMEIRO HOMEM MAU, de Miranda July
Cheryl é uma mulher reclusa e vulnerável. Ela é obcecada por Phillip, um sujeito galanteador e membro do conselho da empresa em que trabalha – uma organização que treina mulheres para autodefesa. Cheryl acredita que eles já fizeram amor em vidas passadas – mas ainda precisam consumar o ato nesta encarnação.
Quando seus chefes pedem a ela que hospede brevemente Clee, a filha do casal, uma garota egoísta e cruel de 21 anos, seu mundo vira de cabeça para baixo. Mas é ela que traz Cheryl para a realidade e se torna o amor de sua vida.
Lírico, engraçado, cheio de obsessões sexuais e amor maternal, este romance confirma Miranda July como uma voz espetacularmente original da cultura contemporânea.
O DIÁRIO DE GUATÁNAMO, de Mohamedou Ould Slahi
Desde 2002, Mohamedou Slahi está preso no campo de detenção da Baía de Guantánamo, em Cuba. No entanto, os Estados Unidos nunca o acusaram formalmente de um crime. Um juiz federal ordenou sua libertação em março de 2010, mas o governo americano resistiu à decisão e não há perspectiva de libertá-lo.
Três anos depois de sua prisão, Slahi deu início a um diário em que conta sua vida antes de desaparecer sob a custódia americana, o processo interminável de interrogatório e seu cotidiano como prisioneiro em Guantánamo.
Seu diário não é apenas um registro vívido de um erro da Justiça, mas um livro de memórias denso, multifacetado, aterrorizante, sombrio e autoirônico.
AI! QUE PREGUIÇA!… – O Brasil em 39 poemas fabulosos & alegóricos, de Rodolfo W. Guttilla
De Cabral aos protestos de junho de 2013, do Marechal Deodoro à Tropicália, de Getúlio Vargas ao Golpe de 1964: os mais variados aspectos e capítulos da vida brasileira são capturados com leveza pela poesia de Rodolfo Guttilla. Seu livro é uma jornada lírica e graciosa por nossa história. Leitores de todas as idades irão se cativar por essa mistura muito bem-feita de poesia e comentário social.
Tomando de empréstimo como título a famosa frase de Macunaíma, de Mário de Andrade, o livro de Guttilla tem como principais inspirações a obra do autor modernista e os poemas de José Paulo Paes (1926-1998), que tratava de assuntos brasileiros com uma graça que influencia os autores mais jovens até hoje.
O CORPO HUMANO, de Paolo Giordano
Último a se incorporar ao pelotão de rapazes comandado pelo primeiro-sargento Antonio René, o cabo Roberto Ietri tem apenas vinte anos quando é enviado à Guerra do Afeganistão.
O momento de adentrar o território inimigo será também aquele em que cada soldado terá de acertar as contas com o que deixou em suspenso na Itália. Ao voltar, terão ultrapassado irreversivelmente a linha que separa a juventude da vida adulta.
Delineando com precisão os contornos das guerras contemporâneas, sem deixar de lado os conflitos familiares, afetivos e os intermináveis conflitos que travamos contra nós mesmos, o romance visceral de Paolo Giordano nos faz lembrar do que é ser humano.
HEREGE – Por que o islã precisa de uma reforma imediata, de Ayaan Hirsi Ali
Ayaan Hirsi Ali, autora do best-seller Infiel, faz nesse livro um apelo poderoso por uma reforma do islamismo, como único modo de acabar com o terrorismo, as guerras sectárias e a repressão contra mulheres e minorias. Desafiando com coragem os jihadistas, ela identifica as cinco mudanças que precisam ser feitas na religião islâmica para que muçulmanos abandonem os dogmas que os prendem ao século VII. Segundo Ali, “o islã não é uma religião de paz”; o Ocidente deve apoiar os reformistas muçulmanos e não tolerar os extremistas. Concluído logo depois do ataque ao Charlie Hebdo e num momento em que milhares de pessoas ainda são mortas em nome de Alá, o livro oferece uma resposta a um dos mais graves problemas do mundo hoje.
Ambientado na Irlanda, este romance apresenta a formidável Nora Webster. Viúva aos quarenta anos, com quatro filhos e pouco dinheiro, Nora perdeu o amor de sua vida, Maurice, o homem que a resgatou do mundo acanhado em que foi criada. E agora ela teme ser arrastada de volta para esse universo.
Ferida, determinada, inclinada à discrição numa comunidade onde todos querem saber da vida de todos, Nora afunda na própria dor e fecha os olhos ao sofrimento dos filhos. Mas ainda assim ela tem momentos de impressionante empatia e bondade, e, quando volta a cantar, depois de décadas, encontra um consolo, uma causa, um porto seguro – ela mesma.
Nora Webster é uma obra-prima de construção de personagem e ponto máximo na obra de um escritor no auge de sua carreira.
LIVRO DE LETRAS, de Vinicius de Moraes
inicius de Moraes é uma das pedras de toque da moderna canção brasileira. Moderna sim, pois as letras que produziu (sozinho ou com parceiros como Antonio Carlos Jobim, Edu Lobo e Chico Buarque) ainda hoje são exemplares em seu frescor, sua calculada simplicidade, sua sincera e lírica exposição dos afetos. Um dos renovadores da nossa música com a Bossa Nova, o poeta foi além dos rótulos, deixando um legado musical rico, variado e – hoje – clássico.
Esta nova edição do Livro de letras reúne a totalidade de canções compostas por Vinicius, entre peças individuais e parcerias. Um elenco inesquecível de canções, conhecidas hoje no Brasil e no mundo: “Garota de Ipanema”, “Canto de Ossanha”, “Água de beber” e “A tonga da mironga do kabuletê”, entre dezenas de outras. De quebra, duas letras que anteriormente não tinham sido publicadas, fruto da parceria do poeta com os compositores Francis Hime e Edu Lobo.
Completa o volume o ensaio de Paulo da Costa e Silva, encomendado especialmente para esta edição, com uma análise detida e esclarecedora da canção em Vinicius de Moraes, além de textos de Eucanaã Ferraz (curador da coleção), José Castello (sobre o percurso do Vinicius letrista) e uma divertida crônica do autor português Alexandre O’Neill sobre um concerto de Vinicius e Baden a alegrar uma noitada e espantar o cinza em plena Lisboa salazarista.
AGORA AQUI NINGUÉM PRECISA DE SI, de Arnaldo Antunes
“Recuerde”, diz a placa imperativa em espanhol, enquanto o retrovisor do automóvel mostra o que já ficou no passado. “Eu tenho uma coleção de esquecimentos/ e apenas duas mãos pra ver o mundo”, lamenta o “super-homem submisso” que não alcança o ritmo dos acontecimentos. Resta observar coisas mínimas como uma formiga ou imensas como o universo e seus astros.
O tempo e o espaço, a insignificância e a morte são os principais temas deste volume de inéditos de Arnaldo Antunes, que oscilam entre o humor e a desilusão. Alternando poemas em verso e visuais, fotografias e “prosinhas”, a obra é marcada pela pluralidade, pelo registro pop e pela sonoridade, tão próprios ao artista, que assina também o projeto gráfico. Um diálogo sensível e desafiante com o homem contemporâneo.
DO QUE É FEITA UMA GAROTA, de Caitlin Moran
“Wolverhampton, em 1990, parece uma cidade a que algo terrível aconteceu.” Talvez tenha acontecido de fato. Talvez seja Margaret Thatcher, talvez seja a vergonha que Johanna Morrigan passou num programa da TV local aos catorze anos. Nossa protagonista decide então se reinventar como Dolly Wilde – heroína gótica, loquaz e Aventureira do Sexo, que salvará a família da pobreza com sua literatura.
Aos 16 anos, ela está fumando, bebendo, trabalhando para um fanzine de música, escrevendo cartas pornográficas para rock-stars, transando com todo tipo de homem e ganhando por cada palavra que escreve para destruir uma banda. Mas e se Johanna tiver feito Dolly com as peças erradas? Será que uma caixa de discos e uma parede de pôsteres bastam para se fazer uma garota?
O GIGANTE ENTERRADO, de Kazuo Ishiguro
Uma terra marcada por guerras recentes e amaldiçoada por uma misteriosa névoa do esquecimento. Uma população desnorteada diante de ameaças múltiplas. Um casal que parte numa jornada em busca do filho e no caminho terá seu amor posto à prova – será nosso sentimento forte o bastante quando já não há reminiscências da história que nos une?
Épico arturiano, o primeiro romance de Kazuo Ishiguro em uma década envereda pela fantasia e se aproxima do universo de George R. R. Martin e Tolkien, comprovando a capacidade do autor de se reinventar a cada obra. Entre a aventura fantástica e o lirismo, O gigante enterrado fala de alguns dos temas mais caros à humanidade: o amor, a guerra e a memória.
Tudo que é explora o curso de uma vida num mundo em transformação. Depois de participar da Segunda Guerra Mundial como soldado no Japão, Philip Bowman retorna aos Estados Unidos para recomeçar a vida.
Pelas décadas seguintes, acompanhamos sua carreira, seu casamento e divórcio. Novas relações amorosas aparecem – a mais significativa delas marcada por uma traição que Bowman vinga de forma particularmente cruel.
Este não é um livro de grandes mistérios ou acontecimentos marcantes. É uma história sobre as pequenas coisas da vida – o teste para qualquer grande escritor.
Depois de 35 anos sem publicar um romance, Salter mostra por que é considerado um dos maiores nomes da literatura americana atual.