Resenhas

Resenha: Bombons chineses, de Mian Mian

BOMBONS_CHINESES_1249268928BNome do Livro: Bombons chineses
Nome original: Tang
Autor(a): Mian Mian
Editora: Geração
ISBN: 9788575090466
Ano: 2002
Páginas: 288
Nota: 2/5
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Bombons Chineses – Este livro trata das esperanças e desesperanças da juventude de um país em transformação. Sua linguagem é chocante. A jovem autora, Mian Mian, ex-dependente de drogas pesadas, narra em seu romance de estréia uma desesperada e erótica história de amor no meio de roqueiros, drogados, arruaceiros, prostitutas, loucos e adolescentes rebeldes. Um tapa na cara, que imediatamente foi proibido no seu país de origem, a China.

 

A melhor maneira de vender rapidamente um livro que não tem nada de especial é proibindo-o por alguma razão fútil. O governo chinês ajudou imensamente a Mian Mian ao banir este livro por “ofender a moral”, tornando-o um dos livros mais procurados da China no mercado negro.

Autobiográfico, escrito ao longo dos anos por Mian Mian como uma forma de expressar o que sentia e vivia, expõe suas experiências no submundo das grandes cidades chinesas. Música pesada, drogas, prostituição, brigas, prédios decrépitos e mafiosos foram seus companheiros na espiral descendente que a levou a heroína e às clínicas de desintoxicação.

Nascida em 1970, abandonou a escola aos 17 anos, depois que uma amiga cometeu suicídio. Ironicamente, Mian Mian diz que sonhava em ir para a faculdade. Os pais queriam ser liberais na criação da filha e a trataram como adulta, permitindo que escolhesse seu caminho. Passou então a viver de maneira itinerante, indo de uma cidade a outra conforme desejava com todas as atitudes irresponsáveis que os jovens podem se permitir sem supervisão.

Por vezes é difícil acompanhar o fluxo da narrativa, sendo quase impossível compreender a linha de pensamento que coordenava as atitudes da narradora. Ela pode parecer uma histérica descontrolada para em seguida trocar de capítulo e expor o acontecimento cronologicamente com detalhes surpreendentes. Longe de formar um mosaico conforme a leitura avança, muitas peças ficam faltando e a frustração do leitor aumenta quando acontecimentos vitais são explicados pela metade.

A narrativa é inconstante, com mudanças radicais no estilo da escrita entre um capítulo e outro, como se alguns trechos tivessem sido escritos sob efeito de entorpecentes. Alguns capítulos são escritos na forma de contos incompletos, com estética completamente diferente da forma largada do restante do livro, o que descredita a ideia de que a obra é biográfica.

Esqueça a descrição dos personagens. Apesar do enorme desfile de figuras irreverentes, raras vezes são apresentados além do nome, roupas e uma ou outra excentricidade.

Tive dificuldade em ficar lendo durante muito tempo. Irritava-me a falta de coesão da narrativa, eventos se atropelavam, eram explicados pela metade e mudanças importantes ocorriam de uma linha para outra. Essa aparente falta de lógica no discurso é um pouco frustrante se você busca uma leitura bem acabada, com eventos ordenados e bem analisados pelo autor antes de colocá-los no papel. Longe disso, Bombons chineses é um amontoado de memórias jogadas aleatoriamente, com as impressões do autor ainda nubladas pelos sentimentos.

A Geração editorial caprichou no exemplar. A edição da capa é semelhante a outro livro polêmico que também trata de sexualidade: Sarah, de J.T. Leroy. Não é exatamente capa dura, mas um material mais resistente, com folhas amareladas grossas de excelente qualidade. Arrisco dizer que o material da edição é superior à qualidade do texto original. Mesmo sendo de 2002, você ainda encontra exemplares em catálogo.

Leitura válida para conhecer a China que não mostram nos catálogos turísticos.

 

**ps: levei o livro para ler no trabalho e várias pessoas me perguntaram sobre o que era a história, já que há um peito na capa.

Jairo Canova

Jairo Canova é Administrador e gosta de livros mais do que imagina.

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