Resenha: O Pequeno Príncipe, por Antoine de Saint-Exupéry
Nome do Livro: O Pequeno Príncipe
Nome Original: Le Petit Prince
Autor(a): Antoine de Saint-Exupéry
Tradução: Frei Betto
Editora: Geração Editorial
ISBN: 9788581303079
Ano: 2015
Páginas: 160
Avaliação: 5/5 +++
Onde Comprar: Amazon
O Pequeno Príncipe – Um piloto cai com seu avião no deserto e ali encontra uma criança loura e frágil. Ela diz ter vindo de um pequeno planeta distante. E ali, na convivência com o piloto perdido, os dois repensam os seus valores e encontram o sentido da vida. Com essa história mágica, sensível, comovente, às vezes triste, e só aparentemente infantil, o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry criou há 70 anos um dos maiores clássicos da literatura universal. Não há adulto que não se comova ao se lembrar de quando o leu quando criança. Trata-se da maior obra existencialista do século XX, segundo Martin Heidegger. Livro mais traduzido da história, depois do Alcorão e da Bíblia, ele agora chega ao Brasil em nova edição, completa, com a tradução de Frei Betto e enriquecida com um caderno ilustrado sobre a obra e a curta e trágica vida do autor.
“- (…)Você, para mim, não passa de uma criança igual a milhares de outras crianças. Não preciso de você. E você não precisa de mim. Para você, sou apenas uma raposa semelhante a milhares de outras raposas. Porém, se me cativar, sentiremos necessidade um do outro. Você será único no mundo para mim. E eu serei única no mundo para você…” (p. 96)
Atualmente o livro mais traduzido depois da bíblia e do alcorão, O Pequeno Príncipe cativa as pessoas que o conhecem pelo mundo afora, independente da língua, desde o seu lançamento em 1943. Ele vai da simplicidade de um livro infantil ilustrado à complexidade de um tema profundo como a solidão.
“Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa” – ou alguma variação dessa frase – circula em livros didáticos, citações feitas por outros autores e compartilhamentos no facebook. Eu li esta frase pela primeira vez quando estava na escola e a professora nos fez estudar o trecho do encontro do Pequeno Príncipe com sua raposa. Um pequeno trecho gerou uma semana de discussão em aula. Há tantos pensamentos contidos nesse livro, que é preciso ler o texto com atenção para não deixar escapar nada. Conforme o Piloto relata as viagens do Pequeno Príncipe e este vai aprendendo sobre o universo, aprendemos com ele. Porém uma das lições que persiste desde o início e é reforçada a cada nova visita do Pequeno Príncipe e que o Piloto se dá conta algumas vezes de ver em si mesmo, é a falta da capacidade dos adultos de distinguir aquilo que é realmente importante daquilo que é supérfluo. Também a falta de imaginação, mas acredito que essa falta esteja associada à primeira.
Antoine de Saint-Exupéry foi um aviador por toda a sua vida, além de escritor. No livro temos o encontro de um aviador que cai no deserto com o Pequeno Príncipe. Esse encontro já foi interpretado de várias maneiras por todo o mundo, seja acreditando ser um encontro do autor com o seu “eu” criança, ou com o seu “eu” interior – um ser mais puro. Pode ser também só a história de um pequeno príncipe vindo de outro planeta, sem maiores significados ocultos quanto à flor que o espera em casa – geniosa e orgulhosa (coincidentemente a descrição atribuída a Consuelo Soucin, esposa de Exupéry, em sua biografia). O autor realmente passou por uma situação onde seu avião caiu no deserto e ficou à beira da morte, sem água. Mas essa não é a parte que deve importar ao leitor. A interpretação do significado oculto por trás dos símbolos usados pelo autor não é tão importante quanto a lição que o livro contém: Você é exatamente igual às outras 7 bilhões de pessoas existentes no mundo e só é diferente para aqueles a quem cativou, pois eles saberão diferenciá-lo do restante, pois para eles você é único no mundo. Não existe complicação. Não há diferença entre rei, bêbado ou flor (se ficou confuso aqui, assim que ler o livro esse trecho fará sentido), só existirá diferença a partir do momento em que o seu coração se deixar cativar. Uma lição dessas em tempos de Segunda Guerra Mundial (1939-1945), onde temos um lado afirmando que algumas pessoas são superiores à outras, é bem enfática quanto à posição do autor a respeito de sua crença. Caso reste dúvidas, temos também a dedicatória do livro feita a um judeu e a biografia no final dessa edição, onde sabemos as circunstâncias da morte do autor.
O sentimento de solidão, de ser incapaz de enxergar além de seu pequeno planeta, sua flor, suas tarefas diárias e depois à busca por novos lugares e pessoas, para tentar aplacar esse sentimento. A descoberta de que a solidão não depende de quantas pessoas se conhece mas sim de se deixar cativar e ser cativado por alguém, para que essa pessoa se torne única.
A edição de luxo feita pela Geração Editorial está linda demais. O livro é um sonho. Com capa dura, em branco e dourado, em tamanho ótimo para manusear confortavelmente e com fonte grande (afinal, é um livro infantil). Revisão impecável. Cada página é colorida e decorada, e também tem letras de cores diferentes para combinar com a cor da página e não ficar difícil a leitura. As ilustrações são as originais do próprio autor. No final do livro tem uma biografia com fotos sobre o autor. A edição esta inacreditavelmente baratíssima para todo esse luxo, custa cerca de três vezes menos que edições similares da CosacNaify.
Este é um livro atemporal, recomendado para todas as idades e necessário para ser relido em todas as idades, pois você absorve coisas diferentes dele conforme faz as releituras em épocas diferentes de sua vida. “O Pequeno Príncipe” ganhou o mundo e não resta a menor dúvida de que o crédito é totalmente merecido.