Na Mira dos Lançamentos: Editora Objetiva (Julho/2014)
Olá leitores e leitoras,
Vamos conhecer alguns dos lançamentos da editora Objetiva de Julho ?
O Grande Mar por David Abulafia
Uma história humana do Mediterrâneo
“Épico, acessível, extremamente agradável… uma grande realização.” — Sunday Times
Por mais de 3 mil anos, o mar Mediterrâneo foi um dos grandes centros da civilização. Dos tempos de Troia a meados do século XIX, as atividades humanas no mar e em seu entorno moldaram decisivamente o curso da história. O grande mar é o primeiro relato completo do que aconteceu no Mediterrâneo e imediatamente ao seu redor, da construção dos misteriosos templos de Malta, por volta de 3500 a.C., à recente reinvenção da costa como destino turístico.
O foco do livro está nos lugares e nos indivíduos, mostrando o grau em que os seres humanos afetaram este ambiente extraordinário. David Abulafia descreve as fervilhantes cidades portuárias que foram particularmente influentes e representativas durante certos períodos — cidades como Amalfi, Alexandria, Veneza, Trieste e Salônica —, as quais, ele argumenta, prosperaram por conta de sua habilidade em permitir que diferentes povos, religiões e identidades coexistissem, às vezes dentro de espaços bastante limitados, até o século XX.
O Grande Mar engloba extraordinários período de tempo e geografia, de Gibraltar a Jaffa, de Gênova à Túnis. Em vez de impor uma falsa unidade no mar e na atividade humana que ele sustentou, o livro enfatiza a diversidade — étnica, linguística, religiosa e política —, e traça como ele se tornou “provavelmente o mais vigoroso espaço de interação entre diferentes sociedades da face da Terra”. O autor não fala de política ou de guerra, mas fundamentalmente de seres humanos.
18 dias por Matias Spektor
18 dias é a história secreta de como Lula e Fernando Henrique Cardoso trabalharam juntos para quebrar a resistência do governo Bush ao PT nas eleições de 2002.
Usando documentos inéditos e entrevistas exclusivas com os principais atores envolvidos, Matias Spektor reconstitui 18 dias na transição presidencial mais delicada da história recente, quando petistas e tucanos uniram-se para impedir que a direita norte-americana ameaçasse a chegada da esquerda brasileira ao poder. Forçados pelas circunstâncias, eles conduziram uma transição democrática sem precedentes.
A história começa em 28 de outubro, um dia depois da vitória petista, quando José Dirceu e Condoleezza Rice costuraram uma delicada aproximação entre seus respectivos chefes. E termina com o encontro histórico de 10 de dezembro, quando Lula e Bush, tendo recebido apoio ativo de FHC, se encontraram na Casa Branca pela primeira vez.
No livro, o autor revela uma faceta desconhecida dos bastidores do poder: o uso estratégico da diplomacia como instrumento a serviço do Palácio do Planalto. E mostra por que a troca de comando entre tucanos e petistas levou a Casa Branca a enxergar no Brasil uma potência emergente.
Vida de cinema por Cacá Diegues
“(…) O ruim do passado é que ele não pode ser mudado; o bom é que ele já passou. Podemos dizer também que o passado não passa. Ele convive com a gente em cada decisão que tomamos no presente. O passado só larga de nosso pé quando estamos construindo alguma coisa. Depois que passa o susto, ele ataca de novo. É preciso portanto estar sempre construindo alguma coisa, seja lá o que for.” – Cacá Diegues
Cacá Diegues se viu paralisado e sem ar. Tinha de 5 para 6 anos e havia entrado pela primeira vez no cinema, em sua Maceió natal. Descobriu ali um mundo em tudo diferente do seu, povoado de gente “bonita e elegante”. Esse encontro entre o menino e a tela provocou um encantamento que dura até hoje e que fez surgir um cineasta em permanente mutação, que vive intensamente sua época.
Ao longo de sua rica trajetória, o diretor de Chuvas de verão, Bye Bye Brasil e Deus é brasileiro mostra-se um cineasta que não se deixa aprisionar pela censura, por modismos, ideologias, convenções. A obra do integrante do grupo que criou o Cinema Novo, marco fundador de uma nova maneira de filmar e pensar o Brasil, dialoga com seu tempo — ora explicando-o, ora confrontando-o —, numa busca pela síntese entre reflexão e espetáculo, informação e comunicação, pensamento e beleza.
Em suas memórias, escritas ao longo de sete anos, o autor, com honestidade radical e impressionante lucidez, revisita os tempos de militância estudantil, revela os bastidores da produção de seus filmes e relembra algumas das polêmicas em que se envolveu. Da infância em Alagoas, passando pelos altos e baixos dos casamentos com Nara Leão e Renata de Almeida Magalhães, ao triunfo no Festival de Cannes, Vida de cinema narra mais do que a história da vida e obra de um dos principais cineastas brasileiros. É um relato dos últimos cinquenta anos do país pela voz de Cacá, panorama de uma época marcada pela modernização na década de 1950, a efervescência cultural dos 1960, os anos de chumbo, a luta contra o autoritarismo e a redemocratização.
Fiel por Jesse Andarilho
A vertiginosa ascensão e a queda de um menino no tráfico carioca
“A vida de Fiel não é fácil. Quando a chapa esquenta, é ele quem segura o rojão e fica no olho do furacão, pois o patrão está longe. O livro retrata fielmente a realidade vivida em muitas favelas do Brasil. A escrita é interna, vinda de um cara que viveu ali, bem de perto, e só não se afundou na criminalidade porque foi resgatado pela arte” – MV Bill, rapper e escritor
Na linha de sucessão de escritores como Ferréz e MV Bill, surge Fiel, de Jessé Andarilho. Baseado em histórias reais que conteceram com o autor, seus amigos e conhecidos, o primeiro romance do carioca de 33 anos conta a vertiginosa ascensão e a queda de um menino no tráfico carioca. Fala também, com propriedade, da vida de centenas de jovens das periferias, favelas e comunidades das grandes metrópoles. Com mais um diferencial curioso: foi todo escrito pelo autor nas teclas de um celular para ocupar o tempo que passava dentro do trem a caminho de casa para o trabalho e vice-versa, muitas vezes em pé.
Nascido no Rio de Janeiro em 1981, no bairro do Lins, Jessé foi criado em Antares, conjunto habitacional popular criado no início da década de 1970 na Zona Oeste da cidade, para receber moradores de favelas removidas da Zona Sul. Seu interesse pela literatura e pela escrita começou por acaso, quando ganhou de presente o livro Zona de Guerra, de Marcos Lopes. Saiu dizendo para todo mundo que tinha muitas histórias como as do livro para contar. Até que ouviu de um amigo: “Tem história melhor que a do cara, então vai lá e escreve!”. Jessé não pensou duas vezes e começou a escrever. Assim nasceu o Fiel e também o codinome Andarilho.
“Este frenético romance é prova cabal de que a capacidade criativa e empreendedora do povo carioca chegou à literatura, depois de passagens exitosas pela música, pelo teatro e pelo cinema”, escreve o jornalista e também escritor Julio Ludemir. “Também é emblemático desses tempos que um cara que se autodenomina Andarilho tenha narrado o mundo que o cerca viajando de trem, que é um símbolo do apartheid carioca, que mantém a quase totalidade da sociedade aprisionada em guetos controlados ora pela milícia, ora pelo tráfico. Jessé rompeu os grilhões do gueto para produzir um livro que nos liberta a todos”, continua Ludemir.
A arte de zoar por Reinaldo Figueiredo
Com três livros já publicados, Reinaldo é um mestre do humor, que domina a arte de fazer rir, seja nas telas da televisão e do cinema, seja no traço bem-humorado e atento ao mundo de hoje.
Quando recebeu uma carta em 15 de agosto de 1984, assinada por Carlos Drummond de Andrade agradecendo o envio do exemplar de Escândalos ilustrados e com um elogio ao livro, o humorista Reinaldo Figueiredo – que se tornou conhecido em todo o país como integrante do Casseta & Planeta – se deu conta de que seus cartuns poderiam ser mais do que um hobby. Passados 30 anos do ilustre elogio, o humorista volta a se dedicar ao gênero com o lançamento de A arte de zoar, que traz um compilado de seus melhores cartuns.
Os desenhos foram publicados na revista Piauí, ilustrando a seção Tipos Brasileiros, no jornal O Globo, na Playboy e também nas revistas de Jornalismo ESPM e Jazz+. Reinaldo retrata as mudanças comportamentais acentuadas após a virada do século, entre elas a preocupação crescente com o corpo e a rapidez com que a tecnologia se renova.
Divido por seções temáticas, o autor criou uma galeria de tipos brasileiros em que satiriza comportamentos cada vez mais recorrentes. Desfilam pelas páginas a perua típica, com seu cachorrinho de luxo e a bolsa de grife a tiracolo; o famoso de revista, cuja fama é resultado de aparições constantes em publicações destinadas às celebridades. A febre das redes sociais é inspiração para o cartunista ironizar a era dos internautas com opinião formada sobre tudo.
Cada vez mais inserido ao cotidiano das pessoas, os aparatos tecnológicos rendem um capítulo à parte; em um dos desenhos, no alto da montanha o seguidor de um mestre zen pergunta: “Mestre! Mestre! Só uma pergunta: aqui tem wi-fi?”