Resenhas

Resenha: Fique Onde Está e Então Corra, por John Boyne

FIQUE_ONDE_ESTA_E_ENTAO_CORRA_1397490343PNome do livro: Fique Onde Está e Então Corra
Nome Original: Stay Where You Are and Then Leave
Tradução:  Henrique B. Szolnoky
Autor(a): John Boyne
ISBN:  9788565765404
Páginas: 224
Editora: Seguinte
Ano: 2014
Avaliação: 5/5
Onde Comprar: Compare Preços

Em meio às tragédias da Primeira Guerra Mundial, o amor é a única arma de um garoto para curar seu pai. Alfie Summerfield nunca se esqueceu de seu aniversário de cinco anos. Quase nenhum amigo dele pôde ir à festa, e os adultos pareciam preocupados — enquanto alguns tentavam se convencer de que tudo estaria resolvido antes do Natal, sua avó não parava de repetir que eles estavam todos perdidos. Alfie ainda não entendia direito o que estava acontecendo, mas a Primeira Guerra Mundial tinha acabado de começar. Seu pai logo se alistou para o combate, e depois de quatro longos anos Alfie já não recebia mais notícias de seu paradeiro. Até que um dia o garoto descobre uma pista indicando que talvez o pai estivesse mais perto do que ele imaginava. Determinado, Alfie mobilizará todas suas forças para trazê-lo de volta para casa. “Assim como em O menino do pijama listrado, Boyne conduz os leitores pelas agonias da guerra através do olhar de uma criança.” School Library Journal “Uma história vívida e acessível sobre o preço altíssimo que a guerra obriga os inocentes a pagar.” Kirkus Reviews

 

Ler um livro do John Boyne é garantia de que você vai se deparar com uma história sensível e que vai conseguir retirar algo dela para sua vida. Com esta não foi diferente.

Fique Onde Está e Então Corra nos conta um pouco sobre a vida de Alfie, que completa cinco anos no dia em que é declarada a Primeira Guerra Mundial, para a qual o pai se alista, e Alfie e a mãe precisam se virar sozinhos. Ninguém esperava que a guerra durasse tanto tempo e as consequências disso são narradas pelo ponto de vista do Alfie (em terceira pessoa), onde podemos perceber inocência e, conforme fica mais velho, a maturidade de uma criança que acabou sendo privada de sua infância. Esta é a visão de uma família de classe média-baixa em Londres.

Alfie é um menino esperto que após a ida do pai para a guerra, entende a situação em que sua família se encontra, a dificuldade do sustento, e passa então a fazer o que ele chama de “sua parte”. Agindo da maneira que acredita ser a certa, o menino nos leva a conhecer sua situação e também a de outros que passam pelas mesmas dificuldades. Inicialmente vemos os desejos inocentes de uma criança que quer acompanhar o pai ao trabalho, e que deseja seguir a mesma carreira dessa pessoa que ele tanto admira e que é sua referência.  Quando tem nove anos, já o vemos amadurecido para a idade. Sem ter perdido totalmente sua inocência de criança, ele já é alguém capaz de pensamentos complexos e de mentir para conseguir seus objetivos.

A mãe de Alfie é uma mulher batalhadora, que observando a necessidade de sua família, trabalha em vários empregos para saná-la. Esta foi a realidade de muitas mulheres de famílias menos abastadas que tiveram seus maridos ou pais sendo levados para outros países pela guerra e não tinham mais o provedor do sustento. Porém, não foi somente uma época de dificuldades para as mulheres, pois antes da guerra havia discussões sobre a participação das mulheres nas votações, sem obter a aprovação (muitas mulheres achavam que votar era um absurdo). Após a guerra o voto feminino foi implantado (com algumas condições) e as mulheres casadas puderam trabalhar fora de casa sem que fossem mal vistas, pois já era o que haviam feito durante quatro anos.

John Boyne nos leva com Alfie em uma narrativa tocante para descobrir seu pai e ajudá-lo a voltar para casa. Temos vislumbres dos horrores da guerra, mas suavizados, pois este é considerado um livro infanto-juvenil. Vemos como as doenças mentais eram  consideradas um subterfúgio para escapar do campo de batalha. Vivemos a mudança de Alfie e a mudança do mundo a sua volta com a bela narrativa já conhecida do autor.

Durante a leitura são mostradas algumas das fases da guerra e como os personagens foram afetados. No início, o alistamento foi feito com o pensamento de se conseguir uma melhor colocação no exército e como forma de patriotismo. Com o andamento da guerra, o alistamento passa a ser obrigatório e quem não se apresentasse à convocação era visto como um covarde – e preso. Episódios de xenofobia se tornaram frequentes, com o medo da espionagem. Havia a falta de recursos, quando vários alimentos e itens de necessidade básica pararam de circular e eram encontrados somente no mercado ilegal/negro. É mostrada a devastação de famílias que perderam todos os filhos e aqueles que tiveram que aprender a se sustentar em uma época onde somente homens ou mulheres solteiras trabalhavam.

A edição está ótima, as páginas são amareladas e a revisão é impecável, como todos os livros da editora Seguinte/Companhia das Letras. A capa é muito bonita e demonstra a sobriedade do livro.

Recomendo a leitura a todos, seja aquele que gosta de histórias de crianças, histórias sobre a Primeira Guerra Mundial ou histórias simplesmente bem contadas.

Franciely

É estudante de Letras por falta de melhor opção (já que não se pode ser somente estudante de literatura), leitora por prazer, amiga dos animais, viciada em internet e resenhista porque gosta de experimentar coisas novas.

2 comentários sobre “Resenha: Fique Onde Está e Então Corra, por John Boyne

  • Oi Franciely!
    Acabei de ler esse livro para uma maratona literária, e é surpreendente o quanto a gente lê em pouco tempo, a história nos prende. Dele, só li O Menino do Pijama Listrado, mas esse novo livro é maravilhoso. Gostaria de ter todos! Parabéns pela resenha, beijos!

    Resposta
  • É o primeiro livro que li de Boyne e tenha certeza que ele me surpreendeu. Superou minhas expectativas.
    Adorei o personagem Alfie, sua forma de ver e encarar a vida. Assim como todos os outros personagens eu achei bem construídos. Alfie é um garoto que já passou por muita coisa difícil na vida, mesmo sendo tão novo.
    O livro eu achei emocionante demais.

    M&N
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    Resposta

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