Na Mira dos Lançamentos: Editora Alfaguara (Junho/2014)
Olá leitores e leitoras,
Vamos conhecer alguns dos lançamentos da editora Alfaguara de Junho ?
Mulher que mergulhou no coração do mundo, A – Sabina Berman
Karen Nieto é uma criança que não sabe nem ao menos falar, quando sua mãe, que a havia abandonado em um cômodo obscuro de sua casa, morre. Isabelle, a tia da menina, herda a empresa de pesca de atum da irmã, situada em Mazatlán, cidade costeira do México, descobrindo com surpresa a existência de Karen, de quem começa a cuidar.
Com um histórico de agressões sofridas e tendo sido rejeitada pela mãe, que desconfiava dos problemas mentais da criança, Karen começa a desenvolver a fala e passa a ter contato com a sociedade graças ao esforço e ao carinho de sua tia.
Diagnosticada com autismo funcional, a menina, apesar de possuir uma capacidade mental acima da média, constantemente surpreende os que a cercam em função de suas atitudes inusitadas. Suas ações muitas vezes priorizam a intuição à razão. Desta forma, ela gera situações cômicas e até embaraçosas, ainda que seja mais lúcida e inteligente do que a maioria das pessoas com quem convive.
Com seu jeito peculiar, Karen vai aos poucos se tornando uma respeitável mulher e, junto aos ensinamentos de sua tia Isabelle, transforma a empresa familiar de pesca de atum em uma companhia mundialmente reconhecida. Suas particularidades e as lições que se tiram delas conferem um tom psicológico ao romance de Berman, que, além de escritora e personalidade da televisão, é psicóloga.
Publicado em mais de 20 países e traduzido para mais de 11 idiomas, A mulher que mergulhou no coração do mundo é também uma reflexão sobre a mente humana e um ensaio sobre a tendência do homem a fantasiar. Ao discorrer sobre a relação entre a realidade em que se vive e a que é visualizada na mente de cada um, o livro aborda as potencialidades de cada indivíduo, em particular das minorias, de maneira sensível, mas sem recorrer ao melodrama
Divã – Martha Medeiros
O livro ganhou adaptações para teatro e cinema, com Lilia Cabral como protagonista, e se tornou um grande sucesso de público e crítica.
“Brincando, brincando, o que Martha mais faz é poesia de amor. Tem mais ainda — é absolutamente compreensível, sobretudo pra quem compreende.” — Millôr Fernandes“Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.”
Mercedes é uma mulher com mais de 40 anos, casada, mãe de três filhos, professora e artista plástica nas horas vagas, que recorre à ajuda de um psicanalista num momento crucial de sua vida: apesar de ter cumprido muito bem o papel que a sociedade esperava que desempenhasse, ela sente um vazio inexplicável.
Deitada em um divã, vai em busca de emoções e desejos até então adormecidos. Relembra passagens importantes de sua história, como a perda precoce da mãe, as paixões que não deram certo, a opção pela carreira e o nascimento dos filhos. Com boas doses de autocrítica e uma enorme vontade de viver, Mercedes questiona as escolhas que fez e tenta planejar um futuro livre das convenções que sempre a sufocaram. No entanto, seu grande desafio é aprender a lidar com a liberdade.
Em Divã, Martha Medeiros cria, com extrema delicadeza e humor, uma mulher de vários matizes, que precisa se confrontar com todas as suas versões para aproveitar a liberdade que só a maturidade proporciona.
Tudo que eu queria te dizer – Martha Medeiros
“Martha Medeiros revela ter armas suficientes para transformar o tempo no maior aliado de seu talento cintilante.” — Caio Fernando Abreu
“As chamadas pessoas normais são as mais ricas em histórias para contar.”
O que você sempre quis dizer a alguém e nunca teve coragem? O que precisa falar de uma vez por todas, mas desiste, espera até chegar o momento mais apropriado?
As cartas reunidas em Tudo que eu queria te dizer são reveladoras, cartas de despedida, corajosas, solidárias, cartas que passam uma situação a limpo. Seus remetentes decidiram não esperar mais, movidos pelo desespero e por uma vontade súbita de transformar o mundo em que vivem. A mulher que trava um diálogo com seu demônio interior, o jovem que matou um amigo por acidente, o homem que tenta se livrar do vício em drogas e a esposa que ganha a vida como prostituta são algumas dessas pessoas que parecem clamar por ajuda.
Observadora atenta do cotidiano, Martha Medeiros apresenta uma coleção de histórias tocantes; absurdamente reais, trágicas, por vezes cômicas. Devastadas por sua dor, cada uma das personagens do livro atravessa um ponto de virada em suas vidas — e decide colocar as cartas na mesa.
A autora compõe com maestria narrativas breves, porém densas, que em poucas páginas transportam o leitor a universos instigantes, capazes de emocionar de forma simples e direta.
Fora de mim – Martha Medeiros
“Poucas autoras brasileiras da atualidade falam tão ao coração da mulher urbana quanto Martha Medeiros.” ̶ Claudia
“O que havia entre nós era apenas uma vontade, uma enorme e insaciável vontade de investigar o que haveria no lado oculto da lua, ver onde essa maluquice iria dar, aonde poderíamos chegar, quem aguentaria mais tempo, quem seria o primeiro a jogar a toalha e, feito duas crianças, prendemos a respiração e mergulhamos um no outro para, em tese, nunca mais emergir.”
Uma mulher se entrega de corpo e alma a uma paixão irresistível e perigosa, mesmo sabendo que, cedo ou tarde, o fim irá chegar. O término, apesar de esperado, é devastador, muito mais forte que o sentimento que um dia uniu o casal. Em Fora de mim, um romance vibrante e verdadeiro, Martha Medeiros narra, em três fases distintas, o sacrifício de uma mulher para reaprender a viver após a dolorosa separação.
No momento em que ele bate a porta e vai viver com uma nova mulher, todo o amor dentro dela se transforma em ódio. Ela, que se considerava madura e lúcida até embarcar naquela relação doentia, começa a repassar mentalmente a história de amor e amaldiçoar o ex-namorado pelos episódios tristes que suportou em vão.
Aos poucos, a raiva dá lugar à serenidade, e ela resolve aceitar os convites de uma amiga para sair e se divertir, volta a se exercitar no parque e se sente pronta para flertar com desconhecidos. Mas é quando recebe uma ajuda inesperada que vê a possibilidade de retomar sua vida, buscando a força necessária para seguir em frente.
A caminhada é lenta, cheia de armadilhas, mas traz o autoconhecimento. Durante a jornada, voltar a viver pode significar voltar a amar.
Os 12 trabalhos de Lelércules – José Roberto Torero
Hércules é um dos heróis mais conhecidos do mundo clássico. Filho de Zeus com uma mortal, nasceu com força descomunal e gosto por aventura. Mas, depois de cair em uma cilada armada pela ciumenta esposa de Zeus, recebeu uma punição: realizar 12 tarefas quase impossíveis!
Em Os 12 trabalhos de Lelércules, José Roberto Torero decidiu contar os 12 trabalhos de um jeito um pouquinho diferente, revelando episódios ainda desconhecidos dessa história. É que para concluir todas as tarefas Hércules precisou de ajuda e recorreu a um menino muito esperto: o Leocádio, ou Lelê, como ele prefere ser chamado.
Lelê resolve dar uma mãozinha ao grande herói, enfrentando perigosos seres mitológicos, como o Touro de Creta, o Leão de Nemeia e as lendárias amazonas. Juntos, Lelê e Hércules foram parar na Grécia Antiga para enfrentar 12 desafios de tirar o fôlego.
À noite andamos em círculos – Daniel Alarcón
“Envolvente e luminoso (…) um segundo romance impressionante de Alarcón, uma obra que cria um mundo multifacetado e nos convida a entrar nele.” — Los Angeles Times
“Sábio e envolvente (…) um livro construído em camadas, com incríveis nuances.” – The New York Times Book Review
A vida de Nelson não está tomando o rumo que ele queria. Sua ex-namorada está morando com outro; seu irmão mais velho emigrou para os Estados Unidos e não cumpriu a promessa de levá-lo junto; e ele próprio tem de viver ao lado da mãe viúva, tentando estabelecer uma carreira de ator e dramaturgo que não decola, num país latino-americano recém-saído da guerra civil.
Tudo muda quando ele é o escolhido para encenar uma peça lendária, O presidente idiota, por um grupo também lendário, o Diciembre — composto apenas por dois representantes da antiga vanguarda teatral. Juntos, eles embarcam numa viagem pelos recantos mais remotos do país, numa turnê ao sabor do momento, em que suas vidas serão drasticamente alteradas.
Com um texto vibrante e preciso, o autor constrói uma narrativa sobre o destino, a identidade e as enormes consequências que podem brotar das mais sutis decisões.
À noite andamos em círculos foi considerado um dos melhores livros do ano nos Estados Unidos e mostra por que Daniel Alarcón é um dos autores mais consistentes de sua geração.
Contos em trânsito – Vários
Fruto do intercâmbio entre os selos Alfaguara Argentina e Brasil, esta coletânea tem o intuito de fortalecer os laços entre duas tradições literárias marcantes da América Latina. Contos em trânsito – Antologia da narrativa argentina reúne 14 autores argentinos fundamentais publicados originalmente pelo selo literário homônimo do país vizinho. Em paralelo à edição brasileira, será lançado Cuentos en tránsito — Antología de narrativa brasileña, na Feira do Livro de Buenos Aires, com 14 escritores editados pela Alfaguara Brasil.
Espelho em que cada uma das tradições se vê com outras cores e outro idioma, a obra de dupla face celebra uma relação duradoura e permite vislumbrar a riqueza de cada literatura, com suas notáveis singularidades. Para além dos nomes já consagrados aqui e lá – como Jorge Amado e Guimarães Rosa, no caso brasileiro, e Jorge Luis Borges e Julio Cortázar, na Argentina, a lista dos autores argentinos contemporâneos inclui apenas três nomes já editados no Brasil. São eles Rodolfo Fogwill (Os Pichicegos; Casa da Palavra), Eduardo Sacheri (O segredo dos seus olhos; Suma de Letras) e Claudia Piñeiro (A viúva das quintas-feiras; Alfaguara). Os demais são inéditos no Brasil.
A edição argentina, por sua vez, conta com escritores cujas carreiras literárias encontram-se consolidadas — como Luis Fernando Verissimo, Ana Maria Machado, João Ubaldo Ribeiro, Ronaldo Correia de Brito, Adriana Lisboa, Reinaldo Moraes, Maria Valéria Rezende e José Roberto Torero —, e expoentes da nova geração de autores nacionais: Ricardo Lísias, José Luiz Passos, Laura Erber, Vanessa Barbara, Emilio Fraia e Paulo Scott.
Jesus Cristo bebia cerveja, – Afonso Cruz
“Um verdadeiro escritor, tão original quanto profundo, cujos livros maravilham o leitor, forçando-o a desencaminhar-se das certezas correntes e a abrir-se a novas realidades.” – Miguel Real, Jornal de Letras
Filha de um camponês e de uma mulher vinda da cidade, Rosa passou toda a vida no interior de Portugal. Após a morte dos pais, ela fica responsável por cuidar da avó, Antónia, uma senhora idosa que já não escuta bem e precisa de assistência frequente.
Rosa é uma garota linda, e acima de tudo determinada. O último desejo da avó é conhecer Jerusalém. Pois bem; empenhada em realizar este último pedido, e sabendo que a avó não pode mais viajar, a jovem decide levar a Terra Santa até ela; ou melhor, a transformar uma pequena aldeia numa Jerusalém cênica. Mas Rosa não sabe que essa operação irá colocar outras peças em movimento, que mudarão sua própria vida.
Afonso Cruz é um dos autores mais brilhantes da nova geração de escritores portugueses. Com um estilo envolvente, em Jesus Cristo bebia cerveja, o autor fala de acontecimentos que transformam o ser humano, num livro sobre amor, desejo e sacrifício.
As aventuras do bom soldado Švejk – Jaroslav Hasek
Se me pedissem que apontasse três obras literárias deste século que, em minha opinião, farão parte da literatura universal, diria que uma delas é, sem dúvida, As aventuras do bom soldado Švejk.” – Bertolt Brecht
“Švejk é o homem em toda a sua pungente e primitiva humanidade, frente ao anti-humano das criaturas descarnadas e desossificadas pelo militarismo e a guerra.” – Dias Gomes
Escrito pouco depois da Primeira Guerra Mundial, na qual o autor lutou,As aventuras do bom soldado Švejk narra a história do anti-herói Josef Švejk, soldado tcheco com incrível e hilariante capacidade de se meter nas piores confusões. Personagem ambíguo, entre o tolo e o dissimulado, ele se envolve em inúmeras e impagáveis trapalhadas que, no entanto, não decorrem apenas de sua sagaz ingenuidade ou desastrada esperteza. O mundo de Švejk é extremamente cruel; ruma para a destruição, apesar da aparente hilaridade que cerca a ele e seus inconstantes companheiros.
Ambientada nos anos iniciais da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a narrativa acompanha a labiríntica trajetória desse militar do Exército austro-húngaro, que já nas primeiras páginas é preso por “alta traição” e, logo em seguida, declarado demente por uma junta médica. Internado num manicômio, de onde é expulso, alista-se para combater no grande conflito global. Acaba relegado à ordenança de um capelão mulherengo, perdulário e alcoólatra, que o “vende” no jogo de cartas a um tenente. Os incontáveis episódios e contratempos fazem da leitura de As aventuras do bom soldado Švejk, em edição traduzida diretamente do tcheco, uma experiência ímpar.
Longe de ser mero “testemunho” da barbárie, o romance de Jaroslav Hašek usa a comicidade para refletir sobre o absurdo da guerra e dos regimes antidemocráticos. Ao encarar esse mundo como objeto de ficção, o riso talvez não tenha sido apenas uma escolha de Jaroslav Hašek, mas a única forma de expressar uma visão implacável da humanidade. Caudalosa e inacabada, a obra é sobretudo uma incômoda certeza de que para a humanidade não resta qualquer salvação.
Caos, o cachorro – Tathyana Viana
Corri como nunca pude correr antes. Pelo caminho, fui deixando pra trás coleira, sapatos e tudo o que tinha vivido até ali. Nada mais me prendia: adeus caixas, gaiolas, banheiros. Chega de ser puxado pela coleira, contido, preso. Estava livre.
Jogado num canto de calçada em noite de chuva e frio, assim começou a vida desse vira-lata pulguento e bagunceiro. Dividido entre a vontade de encontrar um lar e ser dono do próprio focinho, Caos se aventura pela cidade em busca de seu sonho.
Numa noite de chuva e frio um filhote de vira-lata é abandonado na calçada. Entre o vai e vem apressado dos pedestres, o filhote amarelo chama a atenção de quatro pessoas que se unem e resolvem ajudá-lo. Um arruma comida, outro água, outro um cobertor. Mas ninguém quer levar o cachorrinho para casa. Alguém tem a ideia de deixá-lo, dentro de uma caixa, na porta de loja. E vão embora.
Assim começa a história de Caos, o cachorro. Até ele ser batizado com este nome e encontrar seu lugar no mundo, o cãozinho passa por alguns donos, vários nomes e muitos problemas. Nosso herói canino começa a vida fazendo cara de fofo numa gaiola de pet shop, tentando ser adotado. Finalmente é levado por dois adolescentes, mas logo é devolvido. Depois vai morar com dois cachorros malucos e uma dona mais maluca ainda. Aos poucos, Caos vai percebendo que leva uma vida ruim pra cachorro, e resolve fugir.
Morar nas ruas é alegre e triste ao mesmo tempo. Mas tudo muda completamente quando ele finalmente encontra sua verdadeira dona.