Resenha: A Deusa Cega, por Anne Holt
Nome do livro: A Deusa Cega
Série: Hanne Wilhelmsen – Vol. 1
Autora: Anne Holt
Editora: Fundamento
ISBN: 9788539506460
Ano: 2013
Nota: 4/5
Páginas: 342
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O corpo desfigurado de um traficante de drogas. Um homem coberto de sangue vagando pelas ruas da capital da Noruega. E um advogado criminal de fama obscura assassinado com um tiro. Três eventos aparentemente isolados instigam o faro apurado de uma investigadora sagaz e irônica, que junto com seu colega mergulha em um caso com poucas pistas e muitas perguntas sem respostas. Em meio a boatos envolvendo advogados e o tráfico de drogas, mensagens codificadas e uma enorme rede de corrupção que pode chegar aos altos escalões do governo, a autora Anne Holt descreve uma teia de crimes e batalhas políticas na qual somente a deusa da Justiça pode se dar ao luxo de ter os olhos vendados.
Se você é fã de romance policial, não pode deixar de ler A Deusa Cega. É um livro intenso, denso, extremamente real e complexo. O leitor precisa estar atento para não perder nenhuma informação. Anne Holt, mais uma vez, nos presenteia com uma história recheada de informações e nuances que nos instiga a mente e a inteligência.
O corpo desfigurado de um traficante de drogas dá início a uma investigação minuciosa e cheia de elementos – muitas vezes contradizentes à primeira vista. Junte-se a isso uma série de acontecimentos, como suicídio, repórteres mais do que xeretas, assassinato de advogado, interrogatórios que revelam mas não provam, armadilhas, artimanhas, intrigas, romances que não vão muito bem, mal estares súbitos, coincidências e interesse, muito interesse. Imaginou? Pois então, Anne Holt juntou tudo isso ao longo das 342 páginas desta história intensa.
Os personagens são os mais reais e bem descritos aos quais fui apresentada nos últimos tempos. Cada um deles tem um perfil único que Anne consegue trabalhar de forma a complementar toda a seriedade e realidade da trama. Eu não me sentia lendo uma história irreal. Era como se estivesse lendo um daqueles calhamaços que vemos em reportagens de investigações, onde todos os elementos são apresentados, as provas minuciosamente analisadas e cada palavra dos interrogatórios anotada. Anne é bastante descritiva neste livro – em alguns pontos chega a dar uma certa morosidade à leitura – então não há como não se envolver e se sentir dentro da história.
Falando de personagens é preciso salientar que o perfil meio ranzinza de Hanne continua o mesmo de em 1222, livro da mesma autora também publicado pela Editora Fundamento (veja a resenha aqui). Agora ela está um pouco mais sociável, mas só um pouco. Incrível como reconheci seu perfil notado no outro livro, independente do tempo que se passou entre uma leitura e outra. Ponto mais que positivo para Anne Holt!
Como disse, é um enredo muito real. As investigações são plausíveis, os motivos também, além dos envolvidos. Sabem quando um crime é cometido por alguém acima de qualquer suspeita? Há muito disso nesta história.
Os elementos nos são apresentados aos poucos, como uma construção de uma colcha de retalhos, e não é fácil montar todo o cenário, embora possamos desconfiar de um ou outro, e ter uma certa nunce da realidade. Porém o intrigante da obra não é o fato de deixar encoberto os responsáveis, mas o emaranhado que organizações criminosas podem montar, para que suas desculpas e álibis possam ser confirmados. Estas tramoias e intrigas que vemos muitas vezes ser noticiadas no meio político do nosso país é primorosamente apresentado nas páginas de A Deusa Cega. Extremamente inteligente e sagaz.
Finalmente, tudo se encerra bem e da forma mais real possível. O ritmo da leitura se acelera no final, com o desenrolar dos detalhes e o desdobramento das descobertas feitas. Fiquei curiosa e com muita expectativa pelos próximos volumes das investigações de Hanne Wilhelmsen.
A diagramação é perfeita, com folhas amareladas com textura leve e fonte em tamanho ideal. Não encontrei erros e a tradução está impecável. Demorou um pouco para o título fazer sentido, mas gostei bastante quando fez. Recomendo a leitura. Atenta leitura!
