Livro: 21 lições para o século 21
Título: 21 Lições Para o Século 21
Título Original: 21 Lessons for the 21st Century
Autor: Yuval Noah Harari
Tradutor: Paulo Geiger
Lançamento: 08/2018
Páginas: 446
Editora/Selo: Companhia das Letras
Em Sapiens, Yuval Noah Harari mostrou de onde viemos; em Homo Deus, para onde vamos. 21 lições para o século 21 explora o presente e nos conduz por uma fascinante jornada pelos assuntos prementes da atualidade. Seu novo livro trata sobre o desafio de manter o foco coletivo e individual em face a mudanças frequentes e desconcertantes. Seríamos ainda capazes de entender o mundo que criamos?
Pelo segundo ano consecutivo, “Sapiens” de Yuval Noah Harari permanece como líder na categoria de não ficção dos livros mais vendidos no Brasil. Um feito impressionante para qualquer publicação de divulgação científica.
Tamanho sucesso – que também se reflete no exterior – oferece um lugar propício para publicações irmãs da primeira, dando uma cara de série a um projeto que se coloca como essencial a quem queira entender o ser humano das suas origens até o futuro distante. Nesse contexto, “21 lições para o século 21” se situa o meio do caminho. Harari. Depois de se debruçar sobre o passado da humanidade em “Sapiens” e fazer grandes apostas em “Homo Deus” – livro no qual explora as potencialidades humanas para o futuro –, agora se foca em tentar explicar nosso presente com mudanças e preocupações que podemos enfrentar nos próximos anos.
Com grande carga social e política, sem deixar de lado a ciência e os aspectos psicológicos da mente, este livro nos desafia com questões pertinentes como o poder da inteligência artificial, a mudança climática e o terrorismo, entendendo estes e outros fenômenos como individuais mas interligados.
Yuval Noah Harari nasceu em 1976, em Israel. É autor de Sapiens: Uma breve história da humanidade, best-seller internacional publicado em mais de 35 países. É ph.D. em história pela Universidade de Oxford e professor na Universidade Hebraica de Jerusalém.
Fazendo pontes entre sistemas de manipulação digital dos dados de usuários, por exemplo, podemos discutir o quanto essa tecnologia poderia ser valiosa para um governo autoritário nos moldes dos que estão surgindo pelo globo devido às diversas crises econômicas e políticas. O que fazer então se somados a isso tivermos uma grande crise do trabalho? E se os recursos naturais se escassearem nesse meio tempo?
O livro não chega a oferecer respostas satisfatórias, e nem se presta a tentar fazê-lo. E ainda bem. A obra mais uma vez nos desafia a pensar nessas questões a fim de encontrar soluções ainda desconhecidas.
Mas sejamos justos, aqui também está o maior demérito do livro. Por tratar de tantas questões sem se aprofundar em cada uma delas, “21 lições” parece mais um passatempo reflexivo que informa de forma descompromissada. Um pouco mais de familiaridade com um ou outro tema mostra que na verdade pouco há a se oferecer. Ao contrário do primeiro grande sucesso de Harari, que adentra com muito mais propriedade nas origens da humanidade e de “Homo Deus” que parce se divertir ao supor nosso futuro de forma descompromissada e distante, aqui há um tom de urgência que merece reflexões mais profundas.
Talvez seja pelo prazo apertado em publicar um novo livro para agregar às vendas que ainda são altas que Harari não possa dar o melhor de si. A mesma coisa pode se notar na tradução, que merecia passar por uma revisão mais apurada para corrigir alguns poucos – mas gritantes – erros de grafia ou contexto.
Ainda assim, trata-se de um livro que vale a pena ser lido, especialmente como uma introdução para voos mais altos.
Texto escrito pelo colunista convidado Rafael Assis
Assista aqui a apresentação do livro, pelo autor: