Resenha: O iluminado, por Stephen King
Nome do livro: O iluminado
Nome original: The shining
Tradução: Betty Ramos de Albuquerque
Autor (a): Stephen King
ISBN: 9788581050485
Páginas: 463
Editora: Suma de letras
Ano: 2012
Avaliação: 5/5
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A luta assustadora entre dois mundos.
Um menino e o desejo assassino de poderosas forças malignas.
Uma família refém do mal.
Nesta guerra sem testemunhas, vencerá o mais forte. Danny Torrance não é um menino comum. É capaz de ouvir pensamentos e transportar-se no tempo. Danny é iluminado. Será uma maldição ou uma bênção? A resposta pode estar guardada na imponência assustadora do hotel Overlook. Em O iluminado, quando Jack Torrance consegue o emprego de zelador no velho hotel, todos os problemas da família parecem estar solucionados. Não mais o desemprego e as noites de bebedeiras. Não mais o sofrimento da esposa, Wendy. Tranquilidade e ar puro para o pequeno Danny livrar-se das convulsões que assustam a família. Só que o Overlook não é um hotel comum. O tempo esqueceu-se de enterrar velhos ódios e de cicatrizar antigas feridas, e espíritos malignos ainda residem nos corredores. O hotel é uma chaga aberta de ressentimento e desejo de vingança. É uma sentença de morte. E somente os poderes de Danny podem fazer frente à disseminação do mal.
Como avaliar um clássico contemporâneo do terror? O iluminado ainda é o livro mais vendido de Stephen King e mantém a tradição dos livros de “casa assombrada” que se popularizaram desde então, tendo como referência “A assombração na casa da colina”, de Shirley Jackson (publicado originalmente em 1959, definiu os contornos desse gênero e inspirou Stephen King em muitas obras, como “O iluminado” e “Rose Red”).
“REDRUM”
Em “O iluminado”, Jack Torrance consegue um emprego de zelador no hotel Overlook, que fica fechado durante o inverno e precisa de manutenção. Em recuperação do vício em álcool, ele vê a oportunidade de se dedicar a leitura, escrita e a família. Ao aceitar o emprego, Jack sabia que os zeladores anteriores haviam enlouquecido e cometido suicídio, mas imaginou que tendo a família por perto estaria a salvo durante os muitos meses de confinamento. Entretanto coisas além da compreensão rondam o hotel Overlook.
Seu filho, Danny, não é uma criança normal – ele tem uma percepção para o sobrenatural que o torna uma presa fácil para qualquer entidade que procure uma saída. Dentro do Overlook Danny é como um farol em uma noite escura.
A dinâmica da relação familiar de Jack com sua esposa Wendy e Danny, está no centro da obra. Tão importante quanto o elemento sobrenatural é a gradativa maneira com que a intolerância os afasta, tornando todos os personagens vulneráveis. A obra não poderia ser limitada a uma relação entre pais e filhos, mas é o que certamente torna a história mais próxima de cada um, trazendo elementos do cotidiano e subvertendo-os para o desenvolvimento da trama.
A escrita da obra não é muito dinâmica. Em alguns trechos a leitura é bem arrastada, quase tediosa, mas considero essa forma muito adequada para aumentar a expectativa e tornar o livro mais próximo do suspense do que do terror. Livros em que o leitor não tem descanso, com sangue e membros arrancados a cada página podem ser tão tediosos quanto “O iluminado”, que revolve diversas páginas até que os personagens sequer cheguem ao Overlook. A tensão gradual, construída ao longo do texto é parte do charme que encantou tantos leitores através das décadas.
As muitas semelhanças do andamento da obra com a biografia de Stephen King são tão numerosas quanto preocupantes, entre elas a frustração no caminho de se tornar um autor e o vício em álcool. Para nós leitores que conhecemos Stephen King como um senhor engraçado, que fala palavrão no twitter, é muito difícil imaginá-lo bebendo e cheirando cocaína para terminar os livros dentro do prazo (ele não lembra, por exemplo, de ter revisado a versão final de “Cão Raivoso” em função desse distúrbio). Por isso só podemos imaginar o quanto há de autobiográfico no personagem Jack Torrance a partir do pouco que sabemos de Stephen King.
Impossível falar do livro sem citar as duas adaptações que teve para os cinemas. A primeira, de 1989, é minha favorita. Dirigida por ninguém menos do que Stanley Kubrick, com Jack Nicholson no papel de Jack Torrance. Uma das cenas mais conhecidas do filme é aquela em que Jack coloca a cabeça através de um buraco na porta, aberto a machadadas. Essa versão é muito criticada por Stephen King devido a mudanças significativas em relação ao livro e pela escolha de Nicholson para o papel principal – ele venceu o Oscar de Melhor Ator por “Um estranho no ninho” (1975) e essa atuação ainda estava na memória da audiência. Outra curiosidade dessa versão é a obsessão de Kubrick com a perfeição das cenas, algumas tiveram que ser repetidas mais de 100 vezes até que o diretor ficasse satisfeito.
A segunda adaptação é de 1997, tem Mick Garris na direção e Steven Weber no papel principal. Foi filmada como uma série de TV com 3 episódios de 90 minutos. Um acordo escrito foi firmado para que Stephen King parasse de criticar publicamente a versão de Kubrick se essa nova versão fosse produzida.
Para escrever essa resenha, além da edição da Suma de Letras, há informações do site IMDB para os filmes e do livro “Stephen King – A biografia – Coração Sombrio”, Lisa Rogak, editora Darkside, 2013.
Em 2014 a editora Suma de letras publicou a continuação, “Doutor Sono” e a resenha será lançada em breve!