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Tudo O Que Você Podia Ser | Crítica

Quatro amigos se reunem em um jantar para conversar, comer e beber como prévia para uma festa que vão em seguida. Exatamente como qualquer outro ser humano o faz. Contam sobre suas vidas, fazem piada de tudo, se divertem. A diferença, se é que ela deveria existir, está nos detalhes de suas vidas e como a sociedade os recebe com indiferença e violência.

Tudo O Que Você Podia Ser é um filme belo e corajoso pela forma que conta a vidas dessas quatro pessoas, Aisha, Bramma, Igui e Will da forma mais nua e crua possível confundindo o filme com um documentário. Não sabemos se essa escolha narrativa é por ser a forma mais honesta de contar suas histórias ou para trazer mais suavidade, ou nenhum desses motivos… Mas como suavizar uma jovem entrar em ônibus a noite e ser ameaçada de agressão e torturada psicológicamente e ninguém estar ali para defende-la? Essa mesma pessoa, Bramma, estava em processo de transição para se adequar ao gênero ao qual se identifica, e este talvez seja o momento de maior vulnerabilidade onde a aparência física oscila entre o que se determina como masculino e femenino.

E o individuo precisa viver, trabalhar como qualquer outro ser humano, e o simples ato de ir ao mercado pode o expor a crueldades.

A vida de uma pessoa transexual é talvez a mais difícil dentro da comunidade LGBTQIAPN+ devido a essa vulnerabilidade e violência vivida e principalmente pela falta de apoio da familia. Infelizmente é comum receber agressão da própria família. E praticamente todas as vezes que o assunto é abordado para a grande massa, a rejeição é acompanhada da brutalidade física e psicológica.

Tudo isso é uma realidade já comentada em diversas mídias e perguntamos qual a diferença agora neste filme? Talvez seja pelo exemplo prático de família que “Tudo O Que Você Podia Ser” traz de uma forma bastante natural. Os quatro amigos são o que se espera de uma família: apoio, cuidado, amor.. A narrativa do filme é bela por conseguir trazer essa leveza, ousada por escolher contar como se fosse um documentário, e os atores principais para alem da representação contam suas próprias vidas numa Belo Horizonte pouquíssimo conhecida no cinema. Juntos se unem e constroem com muita luta suas histórias pessoais, e podem ser tudo que poderiam ser, sem medo. Exatamente como na musica que dá nome ao filme.

Avaliação: 3,5 de 5

Tudo O Que Você Podia Ser

Estréia 20 de junho de 2024

1h 13min | Documentário, Drama

Direção: Ricardo Alves Junior

Roteiro: Germano Melo

Elenco: Aisha Brunno, Bramna Bremmer, Igui Leal

Produtor: Julia Alves

Diretor de Fotografia: Ciro Thielmann

Montador: Lorena Ortiz

Distribuição: Vitrine Filmes

Vitor Damasceno

Estudante de cinema atualmente vivendo em Buenos Aires.

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